quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O dia perfeito de Morrie Schwartz

O livro "As Terças com Morrie" de Mitch Albom é baseado na história real de Morrie Schwartz. Sendo um dos meus livros favoritos deverá aparecer por aqui muitas vezes. Por agora pretendo apenas deixar um pequeno excerto. Mas como é a primeira vez que falo dele, primeiro vou deixar aqui o texto que está na contra-capa para contextualizar:
"Morrie Schwartz foi professor de Mitch Albom na universidade. Ensinava Sociologia e marcou-o profundamente. Vinte anos mais tarde, Mitch sabe acidentalmente, através dum programa de televisão, que o seu professor está a morrer com uma doença que o consome lentamente. Mitch é um cronista desportivo muito atarefado. Morrie teve uma vida cheia com amigos, família, ensino, música.
O reencontro entre os dois homens prolonga-se por catorze Terças-Feiras, em que o professor conduz o seu antigo aluno numa jornada comovente pelas mais simples e mais gratificantes lições da vida - e da morte."
Agora sim, o excerto que quero escrever aqui hoje:
"Tentei imaginar Morrie saudável. Tentei imaginá-lo a levantar os cobertores do corpo, a sair daquela cadeira, e irmos os dois passear na vizinhança, da maneira como costumávamos passear à volta do campus.
Realizei, de repente, que se passaram dezasseis anos desde que o vira em pé. Dezasseis anos?
E se tivesses um dia perfeitamente saudável, perguntei eu? O que é que fazias?
- Vinte e quatro horas?
Vinte e quatro horas.
- Vejamos... Levantava-me de manhã, fazia os meus exercícios, tomava um belo pequeno almoço, com pãezinhos doces e chá, ia nadar, depois convidava os meus amigos para um belo alomoço aqui. Fazia-os vir um ou dois de cada vez, para que pudéssemos falar das suas famílias, dos seus assuntos, falar de quanto significamos uns para os outros.
«Depois gostava de ir dar um passeio, num jardim com algumas árvores, observar as suas cores, observar os pássaros, absorver a Natureza que já não vejo há tanto tempo.»
«À noite, iríamos todos juntos a um restaurante com massas óptimas, talvez um pato - adoro pato - e depois dançávamos o resto da noite. Eu dançaria com todas as maravilhosas parceiras que há por aí, até ficar exausto. E depois viria para casa e teria uma noite de sono profundo e maravilhoso.»
É só isso?
- É só isso.
Era tão simples. Tão mediano. Realmente, fiquei ligeiramente desiludido. Pensei que viajasse para Itália, ou almoçasse com o presidente, cavalgasse à beira mar, ou tentasse todas as coisas exóticas em que pudesse pensar. Depois de todos estes meses, ali deitado, incapaz de mover uma perna ou um pé, como podia ele encontrar a perfeição num dia tão normal?
Depois é que vi que a questão era mesmo essa."
Fonte: "As Terças com Morrie", Mitch Albom, Sinais de Fogo, 1ª Edição (1999), págs. 202-204.

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